Psicologia do desenvolvimento

A psicanálise e a personalidade

 

        A psicanálise

        Freud definia o Homem como um ser racional, que controlava os seus impulsos através da vontade. O consciente, constituído pelas representações presentes na nossa consciência e conhecido pela introspecção, constituía o essencial da vida mental de ser humano. Mas, o Homem não é apenas um ser racional como os racionalistas do século XVIII pensavam. Muitas vezes, são os impulsos irracionais que determinam o que pensamos, o que sonhamos e fazemos. Estes impulsos podem ser expressão de pulsões profundas ou de necessidades.

            Inicialmente, a psicanálise foi um método de tratamento de neuroses (ex: claustrofobia). Actualmente é também um método de investigação e uma teoria da personalidade.

  

 

    A personalidade:

            A personalidade é determinada fundamentalmente por processos e forças inconscientes moldadas nos primeiros anos de vida (até aos 6-8anos). Daí resultam comportamentos incompreensíveis (fobias, auto-agressão) o que permite pensar em soluções para a cura.

            Para termos acesso ao inconsciente ficamos limitados a processos indirectos como:

            Hipnose - induzir o paciente, através de uma sugestão intensa, num estado semelhante ao sono mas no qual é possível estabelecer a comunicação como o hipnotizador e ser sugestionado, podendo assim revelar memórias ocultas ou ser condicionado para determinada acção ou comportamento.

             Método psicanalítico - vai ser o “preferido” por Freud, pois o hipnotismo não alterava definitivamente os comportamentos, para além de que o paciente podia resistir às sugestões hipnóticas.

É de salientar que as técnicas da psicanálise permitem que o próprio paciente tome consciência dos seus problemas, só assim sendo possível a sua cura. Por seu lado a hipnose, que não permita a tomada de consciência do problema pelo paciente, vem a ser abandonada.

 

    A grande revolução introduzida por Freud constitui na afirmação da existência do inconsciente, zona do psiquismo constituída por pulsões, tendências, desejos e medo.

            No seu estudo, Freud apresenta as instâncias do aparelho psíquico:

            Id – regula-se pelo princípio do prazer (1) e é inato (pulsões, desejos e medos recalcados). Domínio do inconsciente – não obedece à lógica nem à moral, ou seja, “só fazemos o que nos apetece”.

            Ego – medidor da realidade externa e como agente da defesa contra a angústia provocada por conflitos internos (raciocínio e operações lógicas) – princípio da realidade (2). É consciente – Satisfazemos os nossos desejos de forma a que o nosso ego e a nossa moral aceitem (a sociedade aceite). Por exemplo, o casamento é uma prova que se consegue fazer o equilíbrio entre o Ego e o Id.

            Superego – está directamente envolvido pela realidade e é regulado pela interiorização de proibições sociais – princípio da moral (3). Produz angústias e ansiedades. É pré-consciente – Tanto em crianças como em adultos temos noção de que existem coisas que não devemos fazer, pois serão julgadas pelos pais ou pela sociedade, distinguimos o “bem do mal”.

 

 

       

        Princípios gerais do aparelho psíquico:

(1)   Princípio do prazer – visa a realização imediata dos desejos, rege o inconsciente e o id. O principio do prazer entra em conflito com a zona do consciente, dominada pelo princípio da realidade, já que, de acordo com aquele princípio, o sujeito deverá lutar pela satisfação pulsional (há uma afastamento da razão, guiando-se pelo prazer ou pela forma mais imediata).

(2)   Princípio da realidade – domina a vida consciente e corresponde à necessidade de adaptação ao real social, visa um comportamento controlado, adquado às exigências desta. O ego, regido por este princípio e tendo em conta as exigências do super ego, vai avaliar quais as pulsões do Id que podem ser satisfeitas.

(3)   Princípio da moralidade – é-nos incutido pelo superego. O superego vai impor ao ego valores morais e regras, levando-o a viver conflitos, ambivalências, complexos, sofrimentos, mas também orgulho e bem-estar.

 

Através dos princípios do prazer e da realidade, Freud pretendeu explicar alguns processos psíquicos como conflitos, fuga e defesas, mas também desejos, expectativas e ambições.

 

As duas categorias que estão no inconsciente são:

            - O instinto de vida que assegura as necessidades básicas, tais como, o alimento, a bebida, e o sexo. – Eros

            - O instinto de morte que está presente em todos os comportamentos agressivos e destrutivos – Thanatos

            O conjunto de pulsões e desejos inconscientes especialmente de natureza sexual, possui um dinamismo próprio, cujo papel no comportamento humano é superior aos fenómenos conscientes.

 

 

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