Estádios de desenvolvimento
Os estádios de desenvolvimento caracterizam-se por:
- Uma ordem obrigatória de sucessão constante (embora possa existir diferenças cronológicas, visto que umas crianças se desenvolvem mais rápido do que outras e consequentemente passam mais cedo para os estádio seguinte);
- Uma evolução integrativa, isto é, as novas aquisições são integradas da estrutura anterior, organizando-se agora uma nova estrutura hierarquicamente superior. Ou seja, quando a criança passa de um estádio para outro, adquire novos esquemas, mas nunca se esquece dos anteriores e continua a utiliza-los.
1. Estádio: Sensório motor (dos 0 aos 14/18 meses):
É um estádio de desenvolvimento que se caracteriza por uma inteligência prática que se aplica à resolução de problemas (procurar um brinquedo, por exemplo) e que põe em jogo as percepções e o movimento. Domina uma inteligência baseada na acção, anterior à linguagem e ao pensamento. Os primeiros esquemas de acção são os esquemas reflexos inatos, como a sucção e a preensão. Há uma inteligência prática antes da linguagem, mas sem pensamento.
Neste estádio, criança precisa mexer para conhecer. Tudo advém da sensibilidade. É a fase da experimentação
2. Estádio: pré-operatório (dos 2 aos 6/7anos):
A existência de representações simbólicas (a criança começa a usar imagens ou palavras, que representam objectos que não estão presentes) vai permitir à criança poder usar uma inteligência diferente – é neste período que acontece a explosão linguística, desenvolvendo o seu vocabulário. Nesta fase, as crianças são egocêntricas, ou seja, são incapazes de aceitar o ponto de vista de outra pessoa, quando diferentes ao delas (ex: o pai diz para o filho, “vai dormir!”, mas a criança não quer); são centralizadoras, percebem apenas um dos aspectos de um objecto ou acontecimento, ou seja, focalizam apenas uma dimensão do estímulo, centralizando-se nela e sendo incapazes de levar em conta mais de uma dimensão ao mesmo tempo; animismo, as crianças supõem que os objectos são vivos e capazes de sentir; mesmo com o crescente uso do pensamento simbólico e da linguagem, o pensamento é irreversível (pré-lógico). É nesta faixa etária que a criança começa a sociabilizar-se.
3. Estádio: operações concretas (dos 6/7 aos 11/12 anos):
A criança tem um pensamento lógico com a capacidade de fazer operações mentais, isto é, a criança organiza o pensamento em estruturas de conjunto e os seus raciocínios lógicos são também reversíveis. As acções introduzidas do estádio pré-operatório tornam-se reversíveis – transformam-se em operações. Contudo, estas operações são concretas, isto é, só são efectuadas na presença dos objectos. A criança já é capaz de fazer classificações e seriações (desenvolvimento da descentração) pelo que a actividade intelectual já se submete a regras lógicas.
4. Estádio: operações formais (dos 11/12 aos 15/16 anos):
Caracteriza-se por um pensamento abstracto, por uma inteligência formal e pelo exercício de raciocínios hipotético-dedutivos. Assim, o adolescente desprende-se do real, sem precisar de se apoiar em factos; pode pensar abstractamente e deduzir mentalmente v+árias hipóteses abstractas que se colocam. As operações lógicas realizam-se entre as ideias expressas em palavras ou símbolos, sem necessidade da manipulação da realidade. O pensamento formal é capaz de deduzir as conclusões de hipótese e não somente através de observação real – conclusões a partir de hipóteses. Existe um egocentrismo intelectual.
A partir deste estádio é que solidificamos, desenvolvemos e trabalhamos melhor todos os esquemas até agora apreendidos. Só a partir daqui é que os alunos podem ter filosofia ou geometria descritiva por serem disciplinas teóricas puramente abstractas.